domingo, 22 de abril de 2007

Controle

Eu não sei o motivo, nem ao menos se é esse um fato real ou mera projeção, mas a verdade é que encontrei um jeito de não chorar ou pelo menos de minimizar meu pranto.
Eu canalizo todo o meu desassossego em letras, que formam palavras, que formam frases, que refletem o que sinto, sintetizando toda minha angústia.

Escrever simplesmente oprime minha dor.
Talvez seja a ação de torná-la palpável, explicável, visível [melhor dizer, legível]. Eu desconto toda minha raiva em folhas [as que estiverem pelo caminho, sem exceção]. Transformo o desespero em fúria literária, escrevendo ininterruptamente a minha dor, personificando meus dissabores com a vida.
E de repente, não mais que de repente, cessa-se o desespero, deixando o silêncio do desamparo.
Sem face molhada, sem lágrimas, sem choro...
Apenas eu, a caneta e as folhas onde posso reler meu sofrimento por quantas vezes sentir vontade. Posso reviver a dor nos momentos que julgo oportunos. E mesmo assim não choro...

Eu não sei se essa é a explicação para o que me ocorre, mas foi apenas isso o que pude pensar depois de mais um ataque de fúria literária ocasionado pelos genitores magníficos com os quais fui abençoada [Ic].
Talvez essa não passe de mais uma de minhas loucas suposições, mas o realmente importa é que mais uma vez sofri sem chorar.

Acho que isso me dará a frieza e dureza necessárias para conviver numa sociedade suja, da qual não aceito as regras e que destrói-me com suas máscaras.
Ainda sofro, mas já não choro sempre.
Meu peito se oprime em um pranto sufocado e esboço um falso sorriso acompanhado de u singelo comentário, tecido com uma certa malícia inconsciente.
E assim, à cada dia, vou aprendendo uma nova maneira de se viver nesse mundo ao qual nunca vou pertencer...

O sono se apossa de mim permitindo que não mais sofra ou pense.
Agradeço-te por ser assim.
Após transcrever minhas agonias, a sensação de fraqueza se apossa de mim, levando-me ao sono quase que instantaneamente.

Essa é minha semi-existência....

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