sábado, 28 de abril de 2007

Ciclos em Nossas Vidas

Essa mensagem me foi enviada por minha mãe quando passei por uma grande decepção com uma pessoa que acreditava ser muito diferente do modo que se mostrou.
Nos enganamos com os seres humanos e sofremos, mesmo sendo nós mesmos os responsáveis por nossa cegueira consciente em relação á determinada pessoa.

Quando recebi essa mensagem, cada vez que a lia chorava compulsivamente por não querer me desligar daquele passado que jamais voltará a ser presente.

Estou postando ela aqui hoje, pois essa semana eu consegui lê-la sem que uma única lágrima fosse derramada.
E seguindo sua mensagem, eu me desfiz das coisas que me ligavam à aquele passado.
Encerrei, definitivamente, o ciclo...

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“ Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao fim.

Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver.
Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.

Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?

Você pode passar muito tempo se perguntando porque isso aconteceu.
Pode dizer para si mesma que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó.
Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.

Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que aconteceram conosco.
O que passou não voltará: não podemos ser eternos meninos, adolescentes tardios, filhos culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.

As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora.
Por isso é tão importante [por mais doloroso que seja!] destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar livros que tem.

Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração...
...e o desfazer-se de certas lembranças significa abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.

Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.

Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos.
Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor.

Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso estará apenas envenenando, e nada mais.
Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não tem data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”.

Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
Lembre-se de que houve um tempo em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa – nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade.
Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante.

Encerrando ciclos. Não por causa de orgulho, por incapacidade, ou por soberba mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida.
Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é.
Torna-te uma pessoa melhor e assegura-te de que sabes bem quem és tu própria, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és...

E lembre-te:

“Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão.”
[Fernando Pessoa] ”

sexta-feira, 27 de abril de 2007

Algumas horas na Supervia

Ontem eu andei de trem.
Já perdi a conta de quantas vezes mais fiz isso. Só que dessa vez oi diferente... eu andei de trem com o coração [se é que isso existe ou se é que é possível]. Mas acho que foi bem assim mesmo.

Eu olhava para as pessoas e via vida, histórias em cada uma delas.
Caras sorridentes; olhos tristes; semblantes vazios; olhos fechados num sono embalado pelo cansaço e pelo balanço da condução; angústia; alegria; preocupações; novidades; diversas sensações coexistindo naquele mesmo vagão.
A cada pessoa que entrava eu criava novas histórias e uma vasta gama de possibilidades para cada uma delas.
Minha imaginação voava longe, liberta de qualquer amarra.

Mas em meio a picolés, amendoins, buraco “à vera”, bananadas e todos e quaisquer produtos que vinham sendo oferecidos pela infinidade de ambulantes, minha atenção prendeu-se à 4 personagens de minha própria história no trem.
São eles: um cara sem camisa e de bermuda preta, que apresentava deficiência mental [leve para moderada – ouso dizer, em minha humilde ignorância]; a mulher que conversava com ele; uma jovem negra-obesa-evangélica e um ambulante idoso.
Para cada um dos 4 eu criei minha própria versão da vida deles; apenas dos 2 primeiros eu pude constatar fragmentos; os outros 2 eu brevemente esquecerei, pois vou me cansar de torturar-me com todas as possibilidades de vida que cria para cada um.

Bom, o cara com problemas mentais conversava com essa mulher, que usava uma blusa rosa desbotada e carregava um daqueles sacos-de-lixo pretos enorme, contendo um grande volume. Eles vinham em pé, parados à porta que se encontrava em minha frente.
Eles conversavam animadamente.
Ela, com uma cara de pisteira braba, uma voz irritante e a demonstração verbal de seu pouco estudo.
Ele, apenas mais um “louco”, que eu juro que é aviãozinho. Ele tem cara de ser querido na comunidade, amigo do dono da boca. O verdadeiro “maluco beleza”. Sempre com um sorriso no rosto, que ignora as maldades do mundo devido a sua doença.
Ela, mesmo aparentando ser apenas mais uma puta rampeira, era a única que dava confiança para ele.

Posteriormente descubro que ele estava com a “esposa” e a filhinha naquele mesmo vagão. Para essa última ele olhava com tanto amor, o carinho e o cuidado dispensados com aquela criança eram nítidos em seus olhos.
Fiquei emocionada.
Admito que nunca pensei que com o binômio miséria e demência não esperava me deparar com tanto amor, ainda mais visíveis assim. Era amor com alma.
E ela era a “olheira” do jogo de buraco, estava sendo paga por um negão com cara de malandro para olhar as cartas dos seus adversários.
Óbvio que o negão ganhou o jogo ela, tendo desempenhado seu trabalho com maestria, foi devidamente remunerada.
Possivelmente eu nunca mais vá os ver, mas algo deles [do Eu existente, do Eu real] pude perceber.
Mas não me cabe julgar nenhum dos dois.

E quanto aos outros 2; a jovem: eu me detive em observá-la após notar que seus olhos estavam em mim e que nossos olhares constantemente se cruzavam.
Somos opostos, porém formamos uma mesma moeda, que é a humanidade.

Me interessei em criar uma história para ela por acreditar que nossas vidas são completamente distintas: negra – branca / obesa – “normal” / evangélica – liberta de religiões / repressão – liberdade /...
Poderia enumerar diversas diferenças, mas o que importa é que sei que despertei nela a mesma sensação.
Acho que ela se idealizou e era a minha imagem que queria ver refletida ao se olhar no espelho. Não agirei com hipocrisia dizendo que gostaria da mesma coisa, mesmo com todas minhas loucuras, continuo me preferindo. E tenho certeza que ela também se preferiria se fosse além da minha aparência.
Minhas aflições em troca de um cabelo liso? Não, não vale mesmo. E ela concordaria comigo.
Aposto que ao desembarcar na estação de Saníssimo e seguir para sua casa, ela ia revoltada com a vida e com Deus [mesmo sendo uma religiosa obrigada] por não ter o mesmo biótipo da branquela.
Esses moldes sociais realmente deturpam a mente do ser humano.
Mas eu nunca saberei se minhas divagações são reais.

Quanto ao ambulante idoso: nem havia reparado em sua presença, quando ele surgiu eu me deliciava com um picolé Moleka de graviola, que custa apenas R$ 0,50 e é realmente a “fruta no palito” como me anunciou o ambulante que me vendeu [acabei descobrindo que a fábrica de tão magnífico picolé localiza-se em Nilópolis e sinto-me tentada a ir até lá adquirir alguns exemplares de graviola para o freezer de minha casa].
Só me dei conta da presença do senhorzinho após meu irmão me perguntar se eu não desejava algumas balas. Ao receber uma resposta negativa ele me inquiriu se eu não me sentia penalizada por aquele velhinho ter de estar vendendo balas no trem.
Eu respondi afirmativamente. Mas quase que instantaneamente comecei a me perguntar os motivos daquele senhor encontrar-se em tão desprivilegiada situação.

Comecei a indagar-me a respeito de sua vida passada, de como havia sido sua infância e juventude, se possuiu uma família estruturada que tenha se importado com seu desenvolvimento sócio-intelectual, com suas companhias, as havia tido a oportunidade de estudar e mais uma série de perguntas pertinentes ao tema.
Após explorar todas as possibilidades um dos meus Eu’s continuou penalizado, pois aquele homem pode ter sido massacrado pela vida, sofrendo a falta de oportunidades e a má sorte do mundo. Mesmo tendo se esforçado exaustivamente, ainda hoje é obrigado a levantar cedo e trabalhar naquele vai-e-vem / entra-e-sai pelos vagões, na tentativa de garantir seu precário sustento.
Mas um outro de meus Eu’s encarou aquela situação como uma conseqüência normal na vida de alguém que durante seu percurso no mundo não se preocupou com seu futuro, tratando de aproveitar cada segundo de sua juventude desperdiçando-a na esbórnia de uma vida boêmia.

Longe de mim condenar a diversão; sou completamente a favor da cervejinha com os amigos, da feijoada de domingo [em boa companhia e regada à caipirinhas] e tantos outros prazeres que a vida nos oferece.
Mas acho que tudo de ver ser dosado, respeitando as horas para exercer cada uma dessas atividades. Tudo em demasia é prejudicial.
Ele pode ter priorizado sua vida social e hoje, nada mais natural, do que em avançada idade ter que desempenhar a árdua tarefa.
É, mais uma vez não saberei a verdade que há por trás daquele rosto que se apresentou a mim tão triste e cansado de sua rotina.

Ninguém pode me dar a verdadeira resposta, a não ser cada uma dessas 4 pessoas. Mas creio que não terei essa oportunidade, pois mesmo que a vida nos coloque novamente no mesmo vagão, não terei coragem de perguntar a versão verídica de suas vidas.

Apenas sei que passarei a andar mais de trem, talvez uma vez por semana, para sempre me lembrar de como é e, de como pode ser o mundo.Sem me esquecer que no fim, a sua constituição depende unicamente de nós, do rumo que damos a nossa própria vida, pois inevitavelmente é nosso comportamento e nossas escolhas no hoje que refletirão em nosso amanhã.
E não pensar no futuro é irreal se você não possui idéias suicidas...



quarta-feira, 25 de abril de 2007

Little Girl





♫♫ Go away, little girl.
Go away, little girl.
I'm not supposed
To be alone with you.
I know that your lips are sweet,
But our lips must never meet.
I belong to someone else,
And I must be true.

Go away, little girl.
Go away, little girl.
It's hurtin' me more
Each minute that you delay.
When you are near me like this,
You're much too hard to resist.
So, go away, little girl.

When you are near me like this,
You're much too hard to resist.
So, go away, little girl.
Go away, little girl
Before I beg you to stay.

Go away. ♫♫

[Go away, little girl - Johnny Mathis]

segunda-feira, 23 de abril de 2007

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"A vida é curta para mais de um sonho"

[Distraídos Venceremos - Paulo Leminski]

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domingo, 22 de abril de 2007

Controle

Eu não sei o motivo, nem ao menos se é esse um fato real ou mera projeção, mas a verdade é que encontrei um jeito de não chorar ou pelo menos de minimizar meu pranto.
Eu canalizo todo o meu desassossego em letras, que formam palavras, que formam frases, que refletem o que sinto, sintetizando toda minha angústia.

Escrever simplesmente oprime minha dor.
Talvez seja a ação de torná-la palpável, explicável, visível [melhor dizer, legível]. Eu desconto toda minha raiva em folhas [as que estiverem pelo caminho, sem exceção]. Transformo o desespero em fúria literária, escrevendo ininterruptamente a minha dor, personificando meus dissabores com a vida.
E de repente, não mais que de repente, cessa-se o desespero, deixando o silêncio do desamparo.
Sem face molhada, sem lágrimas, sem choro...
Apenas eu, a caneta e as folhas onde posso reler meu sofrimento por quantas vezes sentir vontade. Posso reviver a dor nos momentos que julgo oportunos. E mesmo assim não choro...

Eu não sei se essa é a explicação para o que me ocorre, mas foi apenas isso o que pude pensar depois de mais um ataque de fúria literária ocasionado pelos genitores magníficos com os quais fui abençoada [Ic].
Talvez essa não passe de mais uma de minhas loucas suposições, mas o realmente importa é que mais uma vez sofri sem chorar.

Acho que isso me dará a frieza e dureza necessárias para conviver numa sociedade suja, da qual não aceito as regras e que destrói-me com suas máscaras.
Ainda sofro, mas já não choro sempre.
Meu peito se oprime em um pranto sufocado e esboço um falso sorriso acompanhado de u singelo comentário, tecido com uma certa malícia inconsciente.
E assim, à cada dia, vou aprendendo uma nova maneira de se viver nesse mundo ao qual nunca vou pertencer...

O sono se apossa de mim permitindo que não mais sofra ou pense.
Agradeço-te por ser assim.
Após transcrever minhas agonias, a sensação de fraqueza se apossa de mim, levando-me ao sono quase que instantaneamente.

Essa é minha semi-existência....

sexta-feira, 20 de abril de 2007

Singelo apelo


Me permitam a fraqueza... és uma aliada.
Me permitam a dor... és minha última companheira.
Me permitam a loucura... és o que me restas.
Mas, acima de tudo, me permitam a morte... pois, só esta és meu alívio.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

A virtude

A ignorância é uma virtude. Para ser mais exata, ela é uma bênção, por que não dizer, a maior bênção que pode ser oferecida a um ser humano.

Ter consciência nos dá o maldito dom de descortinar opções. Aí é que está a perdição... ter opções constitúi-se numa maldição.
Você analisa todas as suas possibilidades, questiona-se e no fim, só o que te resta é a loucura.

Eu ODEIO ser um ser pensante, formador de minhas próprias opiniões [e capaz de influenciar outros indivíduos], cético, analítico, desbravador, curioso, com a ânsia maldita de saber sempre mais, de saciar meu desejo maléfico de "verdade".
Isso é como um câncer, que cresce, te consome, te corrói...
Só espero que as metástases se apoderem logo do meu corpo e me libertem desse cárcere palpável, em mim mesma, e do caos mundano; pois só assim, sei, que serei feliz.

[Numa próxima oportunidade esclarecerei minha retórica à respeito da Ignorância].

Sem mais...

terça-feira, 17 de abril de 2007

Blackbird

Ouvindo "Blackbird" me pergunto sobre as relevâncias da vida.
Cada vez que a ouço, minha mente afugenta-se em um lindo espaço arborizado, onde visualizo o Sean Penn interpretando o San [I'm Sam]. Bem no momento em que ele joga origamis em sua filha.
Acho que essa foi a cena do filme que mais me marcou, realmente inesquecível. Pois ali está inserido o conceito do que realmente seria a liberdade [expressada ali, justamente, em seu oposto].
Ele a ama e mais do que ninguém, é capaz de fazê-la feliz. Só que as pessoas que se julgam sãs o privam de sua liberade: que o direito de estar com ela.

É, a liberdade nada mais é do que um direito; o nosso direito de sermos quem somos, de estar onde queremos, de fazer o quer tivermos vontade. E constantemente ele nos é tirado.
Fascismo.
Mas por outro lado, também, não podemos estar em completa desordem. Sem que hajam certas regras ou leis.
É tudo tão confuso, tão ambíguo.
Eu me assusto e me perco nesse mundo catastrófico.

Tudo deveria ser conceitual, humano, parcial. É, essa é a palavra de ordem - parcialidade - pois à ela está subjugado um envolvimento sentimental, e ao contrário do que afirmaram alguns filósofos, não acho que os sentimentos desnorteiem a razão.
Caso assim o fosse, as pessoas que se amam não se afastariam, e as que se odeiam não permaneceriam ligadas.
Acho, justamente, que eles nos impelem mais discernimento, perpetram a lógica [sempre tão vazia e... lógica] e despontam possibilidades antes inconcebíveis.

Nesse momento minha mente está a esvair-se no completo vazio... talvez esse seja o nada.
Por enquanto prefiro continuar a ouvir a canção e sentir, apenas sentir...


♫♫ Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise.

Blackbird singing in the dead of night
Take these sunken eyes and learn to see
All your life
You were only waiting for this moment to be free.

Blackbird fly Blackbird fly
Into the light of the dark black night.

Blackbird fly Blackbird fly
Into the light of the dark black night.

Blackbird singing in the dead of night
Take these broken wings and learn to fly
All your life
You were only waiting for this moment to arise
You were only waiting for this moment to arise
You were only waiting for this moment to arise. ♫♫

[The Beatles]

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Cool

Eu acho uma das coisas mais escrota do mundo essa onda que certos seres entram de se auto-denomirem cool's.
"Eu vejo filmes europeus... sou cool.
Escuto Chico Buarque e Tom Zé... sou cool
Curto bandinhas de rock descoladas... sou cool
Passo os dias lendo livros dos quais não entendo merda alguma... sou cool."

Porra, tô cansada de ouvir esse bando de babacas que se julgam acima do Bem e do Mal só porque viram todos os filmes do Godard. Entendam, Godard, não é unânime. Não existe unanimidade ou absolutismo. E como já disse João Gilberto: "A unanimidade é burra".

O ápice de suas existências é sentar em bares pelo Centro do Rio após uma incurssão pelo Odeón, CCBB e afins, para que possam discutir sua "coolsidade", como se cada um deles fosse a última Coca-cola light lemon do deserto.
E ainda sentem-se indignados se você não partilha desse mundinho poser deles, te relegando ao mais baixo escalão da escala evolutiva [um verme é bem mais interessante que você, pobre mortal].

Quer saber?
Eu acho é que são todos uns babacas, que se sentem bacanérrimos demais; quando deveriam é sumir, pois a real é que são um bando de chatos sem senso de humor, que se julgam semideuses e se apropriam daquela polidez tipicamente britânica.

Eu quero é sentar num bar e falar besteira, rir, arrotar, ficar bêbada e falar mais besteiras ainda, sem me preocupar com a relevância literária de Bukowski, camus, Hemingway ou Huxley.
Deixo as discussões intelectualizadas pra um momento oportuno e pessoas que realmente gostem e tenham conhecimento do que falm [não o finjam].

Vou compartilhar umas falas que encontrei ontem numa comunidade do Orkut, que me rendeu boas gargalhadas, e são extremamente relevantes.

1. "Indies são pseudo-intelectuais que lêem [ou fingem ler] Sartre, Kierkegaard, Spinoza, vêem filmes cult afegãos e da Nouvelle Vaque francesa [sempre opinando sobre aspectos técnicos], escutam Belle & Sebastian, Thaikovsky e alguma coisa de MPB [o segundo para dar um ar intelectual; o último para rearfimarem o pouco da identidade tupiniquim que ainda lhes resta] e descem o pau na burguesia materialista, apesar de o fazerem, claro, naquele café confortável no bairro burguês da cidade."

2. "Indie é o indivíduo que está na merda e diz que tá coberto de tabaco inglês, num mundo paralelo de pessoas iguais a ele que nunca trabalharam num emprego de verdade, nunca amaram, e que não sabem o que não sabem tirar uma foto."

3. "É um bando de gente super cool e diferente. Assim como os outros 825479123499456... diferentes como eles.

Tais seres usam óculos quadrado de aro grosso, cachecol, coina, topete ou franja, casaco da Adidas, bem como All Star com casaco sem marca. Pode ser tênis e casaco da Puma também. calça larga ou justa [nunca no tamanho certo].

Todos vão para cinemas pequenos assistir filmes belgas-iranianos onde os atores são minhocas mutiladas. Mas o filme fala sobre guepardos alcóolatras desempregados. Obviamente isso representa a repressão da ditadura militar. Nenhum deles entendeu o filme, mas sai de lá como se acabasse de assistir George, o Rei da Floresta, e discutindo as lentes usadas por um tal de Goldberg... que nenhum deles sabe quem é.

E normalmente eles acham legal beijar pessoas do mesmo sexo só para tirar uma de "diferentes do padrão da sociedade alienadora".

4. " * Invertebrados: vive todo desmunhecado, pois isso é hyppe;

* Magro: pq magreza nunca é demais, assim como undergroud. Não como pq é indie, indie só chupa e lambe;

* Gosta de bandas engraçadinhas, com nomes de mais de 300 caracteres, superficiais, insuportáveis e com inclinação pederasta;

* Na exposição de arte fica vislumbrando [pensando na cor do All Star e do vibrador que vai comprar] o extintor de incêndio com a mão no queixo pensando que é uma obra de arte;

* Protetor dos animais [quem come carne merece morrer na câmara de gás, pq é um ser cruel]. A ração dos seus gatos é de brócolis com aspargos. Sonha com o dia em que tigres, leões e tubarões vão comer Cup Noddles sabor pepino.

* Tiozinho de bar: tenta parecer malandrão falando palavrões de última categoria e gírias ao jogar truco, e ao mesmo tempo bebe cerveja da promoção com canudinho e fuma Lucky Strike. depois de ver algum Emo na rua faz algum comentário que contenha a palavra PSEUDO por pelo menos 3 vezes;

* Terceira Evolução Pokemón: 1ª - hardrocker ou hardcore; 2ª - emo ou emo e 3ª Mod, Ultra cult ou Guevaras, Jazzista e Jô Soares.

5. "Intelectualóides e desprezíveis de opiniões pré-fabricadas, "modernos" e com comportamento cult metido a conhecedor de bandinhas novas que surgem a cada 2 semanas no Soulseek, e frequentadores de fanhouses da vida e ainda por cima se julgam alternativos.
Os famosos indies".

Resumindo... intelectualidade é um conceito.
E conceitos são pessoais.
Fiquem espertos!
;)

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Eu quero mesmo

♫♫ Num velho disco a vida se desfaz
Em poucos minutos
Pra onde aquele tempo te levou
Também vou

Pode ser numa canção
Pode ser do coração
Eu só quero ter você por perto

Se é pra tocar o ceú e me lembrar
Do canto de um anjo
Naquele empoeirado LP
Encontro você

Foi-se o tempo em que sozinho
Maltratei meu coração
Me contou um passarinho:
Tristeza é sem razão♫♫


[Pato Fu - Por Perto]

terça-feira, 10 de abril de 2007

Você tem experiência?

Num processo de seleção, os candidatos deveriam responder a seguinte pergunta: "Você tem experiência?"
A redação abaixo foi desenvolvida por um dos candidatos. Ele foi aprovado e seu texto está fazendo sucesso, e ele com certeza será lembrado por sua criatividade, sua poesia, e principalmente por sua alma.

REDAÇÃO VENCEDORA

" Já fiz cosquinha na minha irmã só pra ela parar de chorar, já me queimei brincando com vela. Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo o rosto... já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violonista, mágico, caçador e trapezista. Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés pra fora. Já passei trote por telefone. Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.

Já roubei beijo. Já confundi sentimentos. Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido. Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro, já me cortei fazendo a barba apressado, já chorei ouvindo música no ônibus. Já tetei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.

Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas, já subi em árvore pra rouba fruta, já cai da escada de bunda. Já fiz juras eternas, já escrevi no muro da escola, já chorei sentado no chão do banheiro, já fugi de casa pra sempre, e voltei no outro instante.

Já corri pra não deixar alguém chorando, já fiquei sozinho no meio demil pessoas sentindo falta de uma só. Já vi pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado, já me joguei na piscina sem vontade de voltar, já bebi whisky até sentir dormentes os meus lábios, já olhei a cidade de cima e memo assim não encontrei meu lugar.

Já senti medo do escuro, já tremi de nervoso, já quase morri de amor, mas renasci novamente pra ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar. Já apostei em correr descalço na rua, já gritei de felicidade, já roubei rosas num enorme jardim. Já me apaixonei e achei que era pra sepre, mas sempre era um "pra sempre" pela metade.

Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol, já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é mesmo um ir e vir sem razão.

Foram tantas as coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardados num baú chamado coração. E agora um formulário me interroga, me encosta na parede e grita:

"Qual sua experiência?"

Essa pergunta ecoa no meu cérebro: experiência... experiência. Será que ser "plantador de sorrisos" é uma boa experiência? Não! Talvez eles não saibam ainda colher sonhos! Agora gostaria de indagar uma pequena coisa para quem formulou esta pergunta:

"Experiência? Quem a tem, se a todo momento tudo se renova?"

domingo, 8 de abril de 2007

Só mais uma de amor...


"Ao perder a ti, tu e eu perdemos
Eu porque tu eras a que eu mais amava
E tu, porque eu era o que te amava mais
Contudo, de nós dois, tu perdeste mais do que eu
Porque eu poderei amar outras como amava à ti
Mas a ti não te amarão como te amei eu".
[Ernesto Gardenal]

sexta-feira, 6 de abril de 2007

Observando as nuvens

Deitada na varanda, olho para o céu e vejo um amontoado de nuvens que formam uma grande massa disforme. Duas piscadas depois e lá estavam dinossauros, carneirinhos, olhos, pássaros... mais algumas piscadas e no lugar do dinossauro havia um monge em canto gregoriano, e em cima dele, uma fada, esvaindo-se...

Cheguei à conclusão de que o Heráclito do PanthaHei observava as nuvens... ali está a grande Lei do Devir. Algo que é, em segundos, não o é mais e nem o voltorá a ser. É aqui que reside o grande mistério da vida: não ser o que se era e ser feliz sendo o novo que se é a cada instante.

Mas nós, humanos [pelo menos uma grande parcela], temos problema em lidar com o novo. O desconhecido nos assusta, as possibilidades nos amedrontam...
Isso dá-se pelo fato de sermos seres comodistas, habituando-nos às rotinas, que nos impedem de enchergar o processo de mudança [mesmo que estes estejam gritando em nossa cara]. só nos damos conta de que a situação já não é mais aquela quando nos vemos despreparados diante dos nossos desafios.

E para algumas pessoas essa é uma tarefa complexa, ter a maleabilidade de lidar com as mudanças que a vida impõe. Eu sou uma dessas. Não consigo adaptar-me, tenho dificuldade em encerrar os capítulos da minha vida; o novo se abre e sinto-me envolta em um manto negro, que cega-me, desnorteando-me e impedindo-me de achar o caminho de volta.

[Indico para leitura, posterior: "Quem mexeu no meu queijo?" - Spencer Johnson]

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Só mais um dia...

Hoje acordei sem vontade de acordar.
Fiquei jogada na cama, na esperança de que minha vida emergisse de algum lugar.
Fui arrancada de meus devaneios mordazes, por uma voz, nada amigável, que gritava o meu nome.

Um banho gelado, um suco, um calmante...
A promessa de mais um dia nesse mundo que não [re]conheço...
Uma saída, que prometia ser tortuosa, tornou-se agradabilíssima... encontrei minha amiga [e professora de francês] há muito perdida em algum ponto da minha história.

Andamos; falamos; sentamos; falamos... por horas.
Sem nem ao menos notar que os minutos passavam, como se uma fenda temporal nos houvesse sugado e nos desse todo o tempo possível para conversarmos...
Cinema; política, misticismo, vida, problemas, gatos, madrastas psicólogas, Saint German, lugares, pessoas, Paulo Coelho, drogas, Teoria da Conspiração, Templários, história... uma infinidade de assuntos, que obedeciam uma ordem desconexa completamente lógica.
A mente esvaia-se a cada observação feita, deixando apenas uma sensação boa do reencontro com figura tão estimada...
Até ser puxada de volta ao caos mundano, por uma mãe furiosa, que aguardava desesperadamente suas etiquetas compradas há horas [que em tal presença. transformaram-se em míseros minutos].

Toda a alegria do reencontro foi expurgada ao cruzar o negro portal, que dá entrada, à um mundo caótico, com personagens indesejáveis de minha história, conversas vazias, incompreensão e falsos sorrisos...
Estava, novamente,em casa.

"Procure viver, lembrar é para os mais velhos"

[Na Margem do Rio Piedra eu sentei e chorei - Paulo Coelho]

* Tenho alma anciã, desconfio...

terça-feira, 3 de abril de 2007

A força da VIDA...

♫♫ Anche quando ci buttiamo via,
Per rabbia o per vigliaccheria, per un amore inconsolabile
Anche quando in casa è il posto più invivibile
E piangi e non lo sai che cosa vuoi

Credi c'è una forza in noi amore mio,
Più forte dello scintillio, di questo mondo pazzo e inutile
È più forte di una morte incomprensibilie
E di questa nostalgia che non ci lascia mai.

Quando toccherai il fondo con le dita
A un tratto sentirai la forza della vita, che ti trascinerà con se,
Amore non lo sai, vedrai una via d'uscita c'è.

Anche quando mangi per dolore
E nel silenzio senti il cuore, come un rumore insopportabile
E non vuoi più alzarti e il mondo è irraggiungibile
E anche quando la speranza oramai non ti basterà.

C'è una volontà che questa morre sfida
È la nostra dignità la forza della vita
Che non si chiede mai cos'è l'eternità
Anche se c'è chi la offende o chi la vende l'aldilà.

Quando sentirai che afferra le tue dita
La riconoscerai la forza della vita, che ti trascinerà con se,
non lasciarti andare mai, non lasciarmi senza te.

Anche dentro alle prigioni della nostra ipocrisia
Anche in fondo agli ospedali nella nuova malattia
C'è una forza che ti guarda e che roconoscerai
È la forza più testarda che c'è in noi
Che sogna e non si arrende mai

È la volontà, più fragile e infinita, la nostra dignità
{Amore mio} è la forza della vita

Che non si chiede mai, cos'è l'eternità
Ma che lotta tutti i giorni insieme a noi, finchè non finirà

Quando sentirai {La forza è dentro noi}
Che afferra le tue ditta {Amore mio prima o poi}
la riconoscerai, {La sentirai}
La forza della vita

Che ti trascinerà con se, che sussurra intenerita:
"guarda ancora quanta vita c'è!" ♫♫



♫♫ Mesmo quando nos mandamos embora
por raiva ou por covardia
Por um amor inconsolável
Mesmo quando em casa é o pior lugar pra se viver
e você chora e não sabe o que quer
Acredite, há uma força dentro de nós, meu amor
Mais forte do que um relâmpago
Do que este mundo louco e inútil
É mais forte do que uma morte incompreensível
e do que esta saudade que nunca nos abandona

Quando você tocar o fundo com os dedos
de repente sentirá a força da vida
Que o trará consigo
Amor, você não sabe
Você verá que há uma saída

Mesmo quando você come com dor
e no silêncio sente o coração
como um barulho insuportável
E não quer se levantar
E o mundo está inatingívele mesmo quando a esperança
já não for suficiente

Há uma vontade que esta morte desafia
É a nossa dignidade, a força da vida
Que não se pergunta nunca o que é a eternidade
Ainda que haja quem a ofenda
ou quem lhe venda o além.

Quando você sentir que a segura entre seus dedos
Você a reconhecerá, a força da vida
Que o trará consigo
Não se deixe partir jamais
Não me deixe sem você

Mesmo dentro das prisões
da nossa hipocrisia
Mesmo no fundo dos hospitais
na nova doença
Há uma força que cuida de você
e que você reconhecerá
É a força mais teimosa que há em nós
que sonha e nunca se rende

É a vontade
mais frágil e infinita
A nossa dignidade
A força da vida
Meu amor, é a força da vida
Que não se pergunta nunca
o que é a eternidade
Mas que luta todo dia do nosso lado
enquanto não terminar

Quando você sentir
que a segura entre seus dedos
Você a reconhecerá
A força da vida

A força está dentro de nós
Meu amor, cedo ou tarde, você a sentirá
A força da vida
que o trará consigo
Que sussurra suavemente:"veja quanta vida ainda há!" ♫♫

[La Forza Della Vita - Renato Russo]

segunda-feira, 2 de abril de 2007

De perto todo mundo é ninguém?


"A humanidade se divide em dois: aqueles que acreditam que a humanidade se divide em dois e aqueles que não acreditam.
A metade que acredita, por sua vez, também se divide: entre os que fingem que se levam a sério e os que fingem que não se levam a sério." A teoria é do escritor Ruy Castro, que finge não se levar a sério.
Essa é uma idéia muito boa, pois mostra como levar-nos ou não a sério, por mais contraditório que seja, são dois lados da mesma moeda.
Imagine uma pessoa que se leva a sério: ri pouco, anda sempre arrumada, as contas em dia, o cabelo preso, idéias rígidas sobre Deus e o mundo, horário para dormir e para acordar, come fibras em todas as refeições, lê o caderno de economia do jornal, lava o cabelo e, após o enxágüe repete a operação para obter um melhor resultado, como sugere o rótulo do xampu... No fundo nós sabemos que por trás de toda essa organização nipônica escondem-se as mesmas aflições presentes em todo ser humano: será que alguém vai gostar de mim? Será que vou ter dinheiro para pagar as contas? Será que vou ter alguma doença grave? Será que, repetindo a operação, obterei melhores resultados, como sugere o rótulo do xampu?
Ou seja, levar-se a sério é uma ficção.
Agora pense em alguém da outra metade: ri muito, de si e dos outros, fala o que der na telha e não tá nem aí para o que os outros vão pensar, exagera na sobremesa, tem o quarto mais bagunçado do que casa invadida pela máfia em filme de tevê e, de manhã, fica apertano aquele botão [diabólico] de "só mais cinco minutinhos" do despertador, até os minutinhos somarem três horas [!!!]...
Também sabemos que, no fundo, por trás dessa alma leve e despreocupada estão os velho sofrimentos humanos. Rir é uma maneira de tentar aplacar nossas angústias, não bater de cara com nossos problemas.
Ou seja, não levar-se a sério também é uma ficção.
No fundo, a gente finge se levar a sério porque não se leva, e finge não se levar a sério porque, na verdade, se leva.
Muito confuso?
É, nós somos confusos mesmo.
É como a frase do Caetano: "De perto ninguém é normal." Quer dizer, por trás de nossas supostas normalidades estão escondidas dezenas de loucurinhas, varridas para debaixo do tapete. Aí veio não sei quem e disse: "De perto todo mundo é normal." Ou seja, por trás de nossas supostas loucurinhas individuais somos todos parecidos.
E aonde nos levam todos esses pensamentos?
Sinceramente, não sei.
Apenas acho que maturidade, responsabilidade e comprometimento, não são sinônimos de polidez britânica.
Eu quero mais é comer pizza com Coca-cola no café da manhã...

domingo, 1 de abril de 2007

Contemplação...


[Porre Certo - Pedra de Guaratiba]