Acabou.
Instaurou-se o fim dos tempos.
Hoje iniciou-se a degradação cubana.
Perguntei-me se deveríamos considerar o dia em que foram vendidos computadores em Cuba como um marco. E concluí que sim.
Devemos marcar bem, o dia em que o “American Dreams” instalou-se em um território hávido por consumo e “liberdade”. Mas sem nos esquecermos que é à partir de agora que a degradação do parco socialismo se instaura.
Fico pensando no que vai acontecer com as ruas pacatas, o povo gentil, a aura esperançosa que há na Ilha.
Tento imaginar Cuba daqui há um tempo e o que vejo é o caos.
Miséria, degradação, analfabetismo, intolerância, presa, Mc Donald's.
Terão fim os momentos de reflexão e admiração da vida, afinal “Time is money, baby”.
Isso é extremamente assustador.
Estão destruindo a minha ilusão de que um dia haveria um certo modo socialista de se viver. Que as pessoas, em algum lugar, não precisariam se submeter a desenfreada máquina capitalista. Que as crianças poderiam ser crianças, correndo pelas ruas em dias ensolarados ou pulando poças nos dias chuvosos, sem que houvesse a “adultização” e a necessidade de se tornar parte da engrenagem neoliberal.
Poluição. Soberba. Avareza. Inveja. Ganância. Fome. Massificação. Correria. Desigualdade social. Corrupção. Decoro.
Me pergunto o que pensa Fidel à respeito [prefiro pensar que ele não pensa nada, por estar totalmente alheio ao que ocorre].
Dói a idéia de que um refúgio está sendo destruído.
Um lugar onde a mundaneidade não atinge.
Um lugar onde as coisas boas da vida não são Mercedes, Prada, MBW, All Street, Vuitton, ou qualquer uma dessas outras coisas que agregam valor à um nome.
Tenho medo que o charme acabe...
Tenho medo que a humanidade se contamine a tal ponto, que passamos a viver tão individualistamente, que uma hora iremos nos isolar uns dos outros.
Tenho medo que o tempo seja curto demais para parar e ouvir uma história.
Tenho medo que o dinheiro corrompa irreversivelmente.
Dentre tantos outros medos...
Hoje bebo por uma “Cuba Libre”.
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